domingo, 6 de novembro de 2011

Leitura: quem começa não para mais

Mundo Jovem: Qual a importância da leitura para os jovens?

Elisabeth Dangelo Serra: A leitura no mundo moderno é a habilidade intelectual mais importante a ser desenvolvida e cultivada por qualquer pessoa e de qualquer idade. Os jovens que não tiveram a oportunidade de descobrir os encantos e os poderes da leitura terão mais dificuldades para realizar seus projetos de vida do que aqueles que escolheram a leitura como companhia. Apesar dos atrativos atuais trazidos pelas novas tecnologias, hoje há um número expressivo de jovens que leem porque gostam e ao mesmo tempo são usuários da internet.

     Aqueles que são leitores têm muito mais chances de usufruir da internet do que aqueles que não têm contato com a leitura de livros, jornais e revistas. Contudo é a leitura literária que alimenta a imaginação, a fantasia, criando as condições necessárias para pensar um projeto de vida com mais conhecimento sobre o mundo, sobre as coisas e sobre si mesmo. Uma mensagem: nunca é tarde para começar a ler literatura. Portanto aqueles que não trilharam esse caminho e desejarem experimentar, vale a pena tentar.


Mundo Jovem: Índices apontam que a leitura cresce no Brasil, mas no senso comum há o sentimento que não...

Elisabeth Dangelo Serra: O acesso aos livros aumentou, principalmente nos últimos 15 anos. Os programas dos governos de compra de livros de literatura para as escolas do Ensino Fundamental mudaram o cenário de 20 anos atrás. Hoje, a quase totalidade das escolas públicas brasileiras tem um acervo de livros de literatura de qualidade para uso de seus professores e alunos.

     Mas, para que essa conquista resulte efetivamente em mais leitores, tem que estar integrada com outras ações dos governos e da sociedade em que a leitura seja considerada um bem cultural desejado e valioso. Quero dizer com isto que, por exemplo, a formação dos professores do Ensino Fundamental e Médio deve ter o seu eixo principal na leitura e na escrita. Somente com professores que sejam leitores será possível exigir dos alunos que eles leiam, interpretem e escrevam com fluência.


Mundo Jovem: Como nos tornamos leitores, como desenvolvemos o gosto pela leitura?

Elisabeth Dangelo Serra: Só há uma maneira de nos tornarmos leitores: lendo. E essa atitude é cultural, ela não nasce conosco, tem que ser desenvolvida e sempre alimentada. O entorno cultural em que a pessoa vive é determinante para que a habilidade de ler tenha chances de crescer. Ela é fruto do exemplo e das oportunidades de contato com a cultura letrada, em suas diversas formas. O exemplo e as oportunidades são criados por adultos que estão próximos às crianças e aos jovens.

     Cabe aos professores brasileiros uma carga muito pesada, já que a maioria das famílias não tem chances de comprar livros, jornais diários e revistas semanais, dificultando o acesso ao texto escrito nas casas. Para que os professores possam desempenhar essa função, as escolas devem oferecer as condições para eles agirem de maneira a suprir essa falta, o que significa oferecer meios para uma formação continuada, ter bibliotecas com livros novos e variados e um projeto pedagógico em que o convívio com os livros e a leitura esteja no centro dos trabalhos e dos int eresses de todos.


Mundo Jovem: Há exemplos de projetos eficazes de leitura que acontecem no Brasil?

Elisabeth Dangelo Serra: Inspirada no exemplo do International Board on Books for Young People (IBBY), a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) criou, em 1994, o primeiro concurso para os melhores programas de incentivo à leitura. Estamos já na 13ª edição do concurso que serviu de base para o Prêmio Viva Leitura. Os vencedores desses concursos são projetos com perfis diferentes (escolas, bibliotecas e sociedade civil) e mostram experiências em que os livros e a literatura são o centro do trabalho e apresentam como resultados o interesse por livros e o desempenho dos alunos e dos que frequentam ambientes de leitura.

     Para que pudéssemos medir a eficácia desses projetos, seria necessário saber o que ocorreu com eles depois de alguns anos. Juntamente com o Instituto Ecofuturo, estamos trabalhando no sentido de avaliar o trabalho que realizamos em bibliotecas comunitárias implantadas pelo instituto, por meio de especialistas. O fruto dessa investigação visa a criar indicadores de leitura que poderão medir a eficácia dos pro etos de leitura. Porém, pela maneira tradicional, sabemos que os alunos com bom desempenho em leitura e escrita são aqueles que melhor se posicionam nos exames escolares. E isso não mudou.


Mundo Jovem: Qual a realidade e quais os desafios colocados para as bibliotecas escolares e comunitárias.

Elisabeth Dangelo Serra: Ao tomarmos como referência a situação dos sistemas de bibliotecas escolares, públicas e mesmo comunitárias em países desenvolvidos, a realidade de nossas bibliotecas é desanimadora. Os esforços de alguns bibliotecários e professores para mudar esse quadro vêm de anos e anos sem que na prática algo de essencial tenha mudado o cenário da política de acesso aos livros por meio da biblioteca.

     Houve um momento em que algumas experiências com bibliotecas escolares e públicas tiveram sucesso em alguns estados, mas, como não temos o hábito de aprender com a história, elas ficam esquecidas. Não há, ainda, em nosso país, uma valorização do uso coletivo de livros como a maneira de se partilhar acervos para que todos possam usufruir dos mesmos livros. Portanto não há uma política pública que, de fato, esteja interessada em oferecer Bibliotecas, com B maiúsculo, para todos.


Mundo Jovem: Que projetos a escola pode implantar para garantir a promoção da leitura?

Elisabeth Dangelo Serra: A escola deve iniciar o projeto pela criação de uma biblioteca, por menor que seja, abri-la todos os dias e todos os horários e orientar os professores para que a usem como fonte de referência para seus planejamentos e para suas leituras, além de ser local de visita livre, e também obrigatória, por parte dos alunos.

     O projeto pode contemplar grupos de leitura livre para os professores e grupos de estudo na biblioteca. Ela deve estar aberta às famílias que deverão ser convidadas a participar de suas atividades e mesmo contribuir, como voluntárias, para a sua organização. As feiras de livros e os encontros com escritores serão eficientes se a leitura fizer parte central do projeto da escola e a biblioteca for o seu coração de onde emanam as ideias, os questionamentos e os projetos e também o lugar para simplesmente desfrutar a leitura.


Mundo Jovem: Como a literatura impressa está convivendo com o advento da internet e das novas tecnologias?

Elisabeth Dangelo Serra: Acho que nunca houve tanto livro de ficção impresso como agora. Como é natural, há coisas com qualidade e outras não. A internet tem possibilitado a divulgação imediata do que está sendo publicado e facilita o acesso ao que já existe. O futuro, como sempre, é um exercício de ficção. Sou do grupo que acha que as novas tecnologias não tiraram, nem vão tirar, o prazer de ler um livro de literatura. Pode ser uma certeza das gerações que tiveram o livro como principal referência cultural, mas não sou radical.

     Se alguém sentir a mesma emoção ao ler um texto literário na tela do computador que uma pessoa sente lendo no livro, e se isto possibilitar que ambos pensem sobre o que leram e possam trocar suas opiniões, sentimentos e ideias é o que importa. Essa é a função integradora da literatura. A escrita literária faz-nos olhar as palavras de maneira única e especial, e mobiliza-nos para, ao mesmo tempo em que nos deliciamos com elas - as palavras -, possamos viver uma história que nos leva a entrar pela página adentr , ou pela tela, levados pelo fascínio dessa construção artística que poucos dominam. Ler um texto literário é uma experiência única e intransferível cujas impressões e reflexões ganham novas interpretações quando podem ser compartilhadas.

Mundo Jovem: Quais livros seriam importantes que os jovens lessem no Brasil?

Elisabeth Dangelo Serra: Os livros que qualquer jovem de qualquer parte do mundo não podem deixar de ler são os clássicos universais e os de seus países e, assim, conhecer a história do pensamento e o patrimônio universal da humanidade. Devem procurar conhecer também o que há de novo e aqueles que ganharam prêmios. Para isso, é bom ler os suplementos literários, visitar as livrarias e ver os livros que mais despertam a curiosidade, sem nenhuma regra ou orientação. A construção do leitor passa por ler coisas sem qualidade também. Ouvir as sugestões de professores, pais e amigos é mais um caminho. No site da FNLIJ (
www.fnlij.org.br) está a lista dos livros premiados, desde 1974, por categoria: jovem, tradução jovem, informativo, poesia e teatro... Enfim, cada um deve ir construindo o seu próprio acervo de livros.

Mundo Jovem: Todo bom professor é um bom leitor?

Elisabeth Dangelo Serra: Eu acredito firmemente que todo bom professor é um bom leitor e vice-versa. Considero um bom leitor aquele que tem na literatura o seu alicerce principal que é o que abre as portas e consolida, embora não termine nunca, a condição de ser leitor. Formar professores leitores é dar condições para que eles tomem a leitura literária como parte das suas vidas. Sem desfrutar dessa leitura, dificilmente o professor contribuirá para que seus alunos sejam leitores.



A leitura começa em casa

     A família é decisiva para incentivar a leitura. Além do exercício intelectual partilhado, a leitura entre pais, filhos, irmãos, tios e avós agrega o componente afetivo de maneira muito forte, fortalecendo o ato de ler. Ler junto é dar afeto também.

     Nas famílias com poder aquisitivo para comprar livros e que já estejam motivadas para ler com seus filhos e conversar com eles sobre os livros, essa tarefa é mais fácil. Eles sabem o quanto esse ato é importante para a educação dos filhos e para fortalecer os laços de amizade na família. Difícil é para as famílias mais pobres que não podem comprar livros e que muitas vezes não são elas mesmas leitoras. Nesses casos, temos conhecimento de ocorrências no sentido inverso que são emocionantes.

     Os filhos de pais analfabetos levam a leitura para seus pais que, orgulhosos e curiosos, partilham o ato de ler como um bem precioso. Mesmo sem serem leitores, eles sabem que isso vai proporcionar uma vida melhor do que a que tiveram para seus filhos.

     O analfabeto percebe, melhor do que ninguém, o que é estar alijado do mundo à sua volta por não saber ler e interpretar com independência. Por isso, ele quer para seus filhos a condição de letrados. É obrigação de todos nós, que temos o privilégio de sermos leitores, enfrentar os entraves criados por uma sociedade brasileira elitista e conservadora para que todos tenham a oportunidade de trilhar o caminho da leitura e decidir, por eles mesmos, se querem continuar nele ou não. Essa é uma decisão pessoal de cada um desde que as condições sejam dadas e garantidas pelos governos com bibliotecas escolares, públicas e professores e bibliotecários formadores de leitores.

Elisabeth Dangelo Serra,secretária geral da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.
Endereço eletrônico: fnlij@fnlij.org.br
Site: http://www.fnlij.org.br/


Fonte: http://www.mundojovem.pucrs.br/entrevista-03-2009.php

É tempo de resgatar a cultura afro-brasileira

      A chegada dos negros ao Brasil deu-se no cenário cruel da escravidão.
     Mesmo assim, podemos dizer que a presença negra trouxe cor e alegria para a cultura brasileira. Nos últimos anos, através da ação do movimento negro e de conquistas na legislação, verificamos cada vez mais uma presença positiva dessa cultura no Brasil. É o que nos conta Isabel Aparecida dos Santos Mayer, Bel Santos, especialista em Pedagogia Social pela Universidade Salesiana de Roma. Ela atua no Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (Ibeac), onde realiza formações para educadores incluírem na educação a história e a cultura da África e dos afro-brasileiros, conforme a Lei 10.639/03.

Mundo Jovem: Como se constitui a cultura africana no Brasil?
Bel Santos: Teve um início muito cruel e dolorido, pelo sequestro de pessoas de outro continente, no modelo que foi a colonização. E, ao trazê-las para o nosso país, tentar o aculturamento, rebatizar, colocar novos nomes, tirar suas referências, impor outra religião, outra língua... Essa presença africana no Brasil teve que, de fato, ocupar os porões. A sala de visita ficou reservada para outra cultura.

     A cultura africana foi, então, encontrando brechas nas religiões, e aí a oralidade foi um elemento essencial para a sua permanência. O pouco também que conhecemos de pinturas feitas por africanos é um jeito de resistir, até na estética, no jeito de arrumar os cabelos, nos novos arranjos familiares, na dança, na musicalidade. Foi uma cultura que ficou muito marginalizada, ao ponto de a capoeira e os agrupamentos negros na rua serem criminalizados após a escravidão. Então, para essa cultura se sustentar, não foi nada suave.
Mundo Jovem: Há alguma característica genuína da cultura africana?
Bel Santos: Com esta pergunta me lembro de um amigo do Zaire. Como ele não tinha religião, dizia que ficava irritado quando citavam a espiritualidade como característica africana. Então, é sempre um perigo quando se fala das características genuinamente africanas, porque existe a questão de como é que os africanos se olham. Mas para nós, no Brasil, a referência tem sido de considerar uma cosmovisão africana que traz elementos que nos diferenciam dos outros referenciais, como os europeus. Alguns autores usam esse referencial até para explicar por que em algumas situações foi “possível” a escravização de homens e de mulheres.
Mundo Jovem: Mesmo assim a cultura africana se mantém viva no Brasil?
Bel Santos: Há aquela situação de tentar jogá-la num lugar exótico. Tem um segmento interessado em conhecer essa cultura, em fazer museus vivos, onde a cultura, a história e a presença atual dos negros esteja dentro dos espaços. Mas, por outro lado, há sempre uma tentativa de guetizar, de deixar no exótico, “olha como são estranhos!”. Hoje a gente vê algumas ações que levam o jogo da capoeira para as aulas de Educação Física. Então essa intersecção é importante, quando você traz outros jeitos de ter desenvolvimento físico através do resgate de elementos de uma cultura excluída.
Mundo Jovem: A regularização dos territórios quilombolas auxilia a manutenção da cultura negra?
Bel Santos: A titulação e o reconhecimento das comunidades quilombolas foi importante porque puxou o fio da nossa história, assim como a questão da Amazônia despertou para a presença do índio. Em nível nacional, há uma compreensão de que os índios ainda existem. Com relação aos descendentes quilombolas, essa compreensão não existia antes dessa discussão que culminou com a Constituição de 1988.

     Visitei quilombolas no estado da Paraíba, e lá existem comunidades que têm uma história de pertencimento a grupos familiares, uma história do desenvolvimento agrícola, mas elas desconhecem a sua história de quilombolas. Elas estão no processo para serem reconhecidas, mas as famílias não têm essa compreensão. Até porque nas escolas, nesses lugares, a cultura negra e os heróis negros são invisíveis. Dentro das próprias comunidades quilombolas há um apagamento das suas histórias. Se formos olhar os programas federais desenvolvidos tanto pela Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (Sepir), quanto pela Fundação Palmares, há várias ações voltadas exatamente para esse resgate da cultura quilombola. É uma oportunidade que não se pode perder.
Mundo Jovem: O resgate da cultura africana também se dá na música, na literatura, na moda?
Bel Santos: Quando eu era adolescente, nos meios de comunicação de massa, não tinha nenhum referencial estético negro, não existia nada. O único jeito de usar o cabelo era um jeito padronizado que trazia a ideia de cabelo liso como sinônimo de cabelo bonito, o chamado “cabelo bom”. Quem não nascia com o cabelo liso tinha que fazer o cabelo ser “bom”. Mas hoje existem revistas, como Raça, que foi muito criticada porque poderia promover o racismo no nosso país; ao contrário, ela trouxe para o cenário uma nova estética de cabelo, novas cores para a moda. Ela foi ao mesmo tempo resgatando e inaugurando outro olhar. A revista Estilo também traz sempre uma página “étnica”, mas aí entra a coisa do lugar do exótico: étnico é o outro, e os brancos, são o quê?
Mundo Jovem: Qual a contribuição da miscigenação para a cultura brasileira?
Bel Santos: A questão da miscigenação também foi um processo muito dolorido em nosso país. Ela aconteceu em algumas situações de estupro, de abuso sobre o corpo, tornando-se uma mistura forçada, feita com dor. Mas depois é possível traduzir isso de uma forma muito boa.
  Então o que o país está fazendo hoje, com um marco legal, criando leis que obrigam a trazer essa presença africana para os currículos, para a mídia, para as várias produções é garantir que essa miscigenação não seja o que foi ao longo da história. Dom Pedro Casaldáliga dizia que “na história da América Latina, muitas vezes se teve um pai branco, uma mãe negra ou indígena”. E daí ele perguntava: ”Optar pelo pai ou pela mãe?” É que a história optou pelo pai e esqueceu que a mãe existia. Então essa mistura é a nossa oportunidade de trazer o pai, a mãe, os filhos, os irmãos e perceber que a nossa história é de muitos povos e de muitas histórias que começam até antes da presença negra no Brasil.

Mundo Jovem: É importante termos políticas públicas para a superação do racismo e do preconceito?
Bel Santos: O marco legal é muito importante por esta obrigatoriedade que traz de travar debates, de se começar a produzir materiais, mesmo que a lei seja insuficiente para provocar mudanças. Parafraseando Martin Luther King: “A lei pode proibir que o outro me mate, mas não pode obrigá-lo a me amar”. As mudanças das relações precisam de outro suporte, e a lei faz com que se criem políticas de ações afirmativas. Você pode ter ações, provocações e resistências individuais: um indivíduo com uma camiseta de 100% negro, com seu black power, sua trança... Mas como você rompe com o racismo institucional? Como você, dentro da instituição pública, quebra com a postura naturalmente racista de não ter recurso para atividades culturais que tragam a referência africana, de não ter recursos para escolas de qualidade nas comunidades quilombolas? Se há desigualdade, e queremos acabar com ela, tratemos os desiguais de jeitos diferentes, porque se continuarmos tratando os desiguais de forma igual, vamos perpetuar as desigualdades.
Mundo Jovem: Você tem observado alguma iniciativa interessante na aplicação da Lei 10.639/03?
Bel Santos: Em Guarulhos, SP, por exemplo, tem sido destaque a implementação da Lei 10.639/03, a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana na Educação Básica. Eles perceberam que não pode ser uma iniciativa somente do educador. O município investiu em cursos, como um de “metodologias de enfrentamento do racismo e de promoção da igualdade racial”, que discute as práticas, desde as situações que acontecem na sala de aula, para você pensar: como é que alguém vai colocar isso no currículo sem ter conhecimento da história africana ou afro-brasileira? Então se trata de ter um professor que, além de desenvolver atividades na Semana da Consciência Negra, vai pensar uma forma de trazer o referencial africano para a Geografia, a História, a Literatura etc. Esses educadores produzem artigos que são publicados na revista Ashanti, que é distribuída para toda a Rede Municipal. O município tem ainda o Prêmio Akoni de promoção da igualdade racial, que é para fotografia, ilustração em quadrinhos e slogans São os alunos construindo campanhas de promoção da igualdade racial. Existem outras experiências: capacitação de educadores, educação a distância (UERJ), na comunicação (Canal Futura)... Então, estou bem otimista porque vejo mais avanços do que retrocessos com a regulamentação dessa Lei. Mas o professor precisa ir atrás dos materiais e compartilhar experiências entre educadores.
Mundo Jovem: Como lidar com alunos que demonstram desinteresse pelos assuntos relacionados à cultura africana?
Bel Santos: O jeito de lidar tem que ser o de não trazer a presença africana só no currículo na disciplina de História. Isso tem que estar nos painéis dentro da escola. Os caminhos são esses: colocar mais melanina, mais pigmentação no currículo como um todo, na estética da escola e trazer para o currículo a diversidade do povo brasileiro. A Alemanha, por exemplo, tem uma estratégia curricular: recontar a história para não esquecer e para não repetir os erros. As crianças estudam a Segunda Guerra, o Holocausto, visitam campos de concentração. Deveríamos, no Brasil, ter um museu que recontasse o que foi a escravidão e destacasse a presença negra no país. No entanto a nossa metodologia aqui tem sido a do “abafa o caso” e parar de falar para ver se esquece.

Por que dizer 100% negro?

     Muitos perguntam se isso também não é racismo. Mas se pararmos na frente das lojas, das bancas de jornais, elas já eram 100% brancas. Então quando as organizações começaram a dizer 100% negro era exatamente para provocar esse debate, mostrar que vivíamos numa sociedade que se sentia 100% branca, mesmo sem estar escrito numa camiseta: todos os manequins brancos, todas as capas de revistas com pessoas brancas. Na verdade não somos 50% um e 50% outro, somos um monte de coisas.

     Mas é importante trabalhar com esse desafio da diversidade, da humanidade e da identidade, que estão o tempo todo juntas. A minha humanidade garante que sou igual a todos; a diversidade, que sou igual a alguns e diferente de outros; e a identidade, que sou diferente de todo mundo. Então você não consegue pegar um grupo e dizer que é 100% alguma coisa. Mas quando optamos por destacar uma diversidade de algum grupo, é exatamente para quebrar a hegemonia que finge e inviabiliza essa diversidade. Seria, por exemplo, como discutir o “dia do homem”, porque existe o dia da mulher. Porque vivemos num país que ainda é machista, é importante que haja um dia para discutir a identidade da mulher. A mesma coisa quando foi se discutir o 20 de novembro (Dia da Consciência Negra), pois temos um povo que adora feriado, e pela primeira vez vimos as pessoas reclamando de um feriado, por achar injusto ter um dia para discutir a questão racial. Nesse sentido, acho válido o debate que a camiseta provoca, de ter um grupo que não ac ita a sociedade 100% branca e quer trazer a sua identidade.
Isabel Aparecida dos Santos Mayer (Bel Santos),
especialista em Pedagogia Social pela Universidade Salesiana de Roma. Atua no Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (Ibeac), onde realiza formações para educadores.Endereço eletrônico: belsantos@uol.com.br

Leitura: do conceito às orientações


     “Quem lê constrói sua própria ciência”
(João Álvaro Ruiz)

    
 A leitura tem importância fundamental na vida das pessoas. A necessidade de muita leitura está posto entre todos, haja vista, que propicia a obtenção de informações em relação a qualquer contexto e área do conhecimento, assim como, pode constituir-se em fonte de entretenimento. Para uns, atividade prazerosa, para outros, um desafio a conquistar. Urge compreender que a técnica da leitura garante um estudo eficiente, quando aplicada qualitativamente.
O que é ler? Qual a importância da leitura? Quais procedimentos práticos para uma leitura eficiente? Questões óbvias, que pela sua evidência pouco são problematizadas.

     Etimologicamente, ler deriva do latim “lego/legere”, que significa recolher, apanhar, escolher, captar com os olhos. Nesta reflexão, enfatizamos a leitura da palavra escrita. No entanto, entendemos, com Luckesi (2003, p. 119) que “[...] a leitura, para atender o seu pleno sentido e significado, deve, intencionalmente, referir-se à realidade. Caso contrário, ela será um processo mecânico de decodificação de símbolos”. Logo, todo o ser humano é capaz de ler e lê efetivamente. Destarte, tanto lê o conhecedor dos signos lingüísticos/gramaticais, quanto o camponês, “não letrado”, que, observando a natureza, prevê o sol ou a chuva.
   É mister, primeiramente, frisar que a leitura é mutíssimo importante, pois “[...] amplia e integra conhecimentos [...], abrindo cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade de comunicação, disciplinando a mente e alargando a consciência [...]” (RUIZ, 2002, p. 35).
Investigações atestam que o sucesso nas carreiras e atividades na atualidade, relacionam-se, estreitamente, com a hábito da leitura proveitosa, pois além de aprofundar estudos, possibilita a aquisição dos conhecimentos produzidos e sistematizados historicamente pela humanidade.

     O objetivo maior ao proceder à leitura de uma determinada obra consiste em “[...] aprender, entender e reter o que está lendo.” (MAGRO, 1979, p. 09). Por conseguinte, inquestionavelmente, a leitura é uma prática que requer aprendizagem para tal e, sem sombra de dúvida, uma atividade ainda pouco desenvolvida. Neste particular, Salomon (2004, p. 54) enfatiza que “a leitura não é simplesmente o ato de ler. É uma questão de hábito ou aprendizagem [...]”. Além do incentivo e à promoção de espaços permanentes de leitura é preciso criar o prazer para este ofício.
  O deleite advindo da leitura não se conquista num passe de mágica, espontaneamente. Requer opção, atitudes coerentes e pertinentes ao objetivo proposto. Dmitruk (2001, p. 41) afirma, convictamente, que “[...] não importa tanto o quanto se lê, mas como se lê. A leitura requer atenção, intenção, reflexão, espírito crítico, análise e síntese; o que possibilita desenvolver a capacidade de pensar.”
 Indubitavelmente, é preciso saber ler, ler muito e ler bem. Considerando apropriações de estudos realizados com o intuito em aperfeiçoar o hábito de leitura, elencamos alguns aspectos e/ou habilidades que julgamos pertinentes, nesta perspectiva:

- Ler com objetivo determinado, isto é ter uma finalidade. Saber por que se está lendo;
- Ler unidades de pensamento e não palavras por palavras. Relacionar idéias; - Ajustar a velocidade (ritmo) da leitura ao assunto, tema e/ou texto que está lendo:
- Avaliar o que se está lendo, perguntando pelo sentido, identificando a idéia central e seus fundamentos;
- Aprimorar o vocabulário esclarecendo termos e palavras “novas”.
O dicionário é um recurso significativo. No entanto, palavras-chave, analisadas no contexto do próprio assunto em que são usadas, facilita a compreensão;
- Adotar habilidades para conhecer o livro, isto é, indagar pelo que trata determinada obra;
- Saber quando é conveniente ou não interromper uma leitura, bem como quando retomá-la;
- Discutir com colegas o que lê, centrando-se no valor objetivo do texto, visto que “o diálogo é a condição necessária para a indagação, para a intercomunicação, para a troca de saberes [...]” (ECCO, 2004, p. 80).
- Adquirir livros que são fundamentais (clássicos), zelando por uma biblioteca particular, assim como, freqüentar espaços e ambientes que contenham acervo literário, por exemplo, bibliotecas;
10º - Ler assuntos vários. Não estar condicionado a ler sempre a mesma espécie de assunto;
11º - Ler muito e sempre que possível; 12º - Considerar a leitura como uma atividade de vida, não desenvolvendo resistências ao hábito de ler.

     As orientações supracitadas terão efeitos promissores, se observadas efetivamente, na prática, do contrário, não passam de mero palavreado. A leitura eficiente, depende de método. No entanto, incontestavelmente, o método está na dependência de quem o aplica. Não bastam somente boas intenções. São necessárias ações congruentes aos desígnios.

     É fundamental compreender que, na formação de cada cidadão bem como de um povo, a leitura é de máxima importância, representando um papel essencial, pois revela-se como uma das vias no processo de construção do conhecimento, como fonte de informação e formação cultural. Ademais, “ler é benéfico à saúde mental, pois é uma atividade Neuróbica. A atividade da leitura faz reforçar as conexões entre os neurônios. Para a mente, ainda não inventaram melhor exercício do que ler atentamente e refletir sobre o texto.” (WIKIPÉDIA, 2006, p. 01).
O ato de ler é um exercício de indagação, de reflexão crítica, de entendimento, de captação de símbolos e sinais, de mensagens, de conteúdo, de informações... É um exercício de intercâmbio, uma vez que possibilita relações intelectuais e potencializa outras. Permite-nos a formação dos nossos próprios conceitos, explicações e entendimentos sobre realidades, elementos e/ou fenômenos com os quais defrontamo-nos.
REFERÊNCIAS

DMITRUK, H. B. (Org.) Diretrizes de Metodologia Científica. 5. ed. Chapecó: Argos, 2001.
ECCO, I. A prática educativa escolar problematizadora e contextualizada: uma vivência na disciplina de história. Erechim, RS: EdiFAPES, 2004.
LUCHESI, C. C. (et. al.) Universidade: uma proposta metodológica. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
MAGRO, M. C. Estudar também se aprende. São Paulo: EPU, 1979.
RUIZ, J. A. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 5. ed. São Paulo: atlas, 2002.
SALOMON, D. V. Como fazer uma monografia. 11. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
WIKIPÉDIA. Leitura. http:wikipedia.org/wiki/Leitura. Acessado em 08/04/2006.


Idanir Ecco,
Mestre em Educação - UPF/RS. Professor e pesquisador da URI-Campus de Erechim.
Endereço eletrônico:
idanir@uri.com.br

sábado, 29 de outubro de 2011

A HISTÓRIA DO HALLOWEEN E SEUS DETALHES

Segue um site muito legal para obter informações a respeito do HALLOWEEN.



                          




Acessem:

Halloween

Halloween

Halloween is a holiday in some English-speaking countries which is celebrated on the night of October 31st. In the USA, as well as in other countries, children wear costumes and go to peoples' homes saying "Trick or treat!" to ask for candy, which is called sweets in the United Kingdom; that way, people traditionally give it to them. This practice originally involved a threat. A threat is when someone says that they will do something bad to you if they do not get what they want. In this case, the threat could be explained as: "Give me a treat or I will play a trick on you." Children today usually do not play tricks if they do not get treats. However, some children still get up to mischief (pranks or things to make fun of people; like putting toilet paper in trees; writing on windows with soap or throwing eggs at peoples' houses). People sometimes dress up as ghosts, witches, goblins and other scary things for Halloween. In Brazil, this day is often celebrated in schools or tv programs for children. - Wikipedia adaptado


1- Vocabulary
a. Trick or treat:
b. Threat:
c. Play a trick:
d. Treat:
e. Dress up as:
f. Get up to mischief:
g. Happen:

2- Answer the questions below
a. What is Halloween?
.............................................................................................................................................

b. What happens during Halloween?
.............................................................................................................................................

c. What people wear on Halloween?.
…………………………………………………………………………………………….

d) Which can be made mischief on Halloween?


…………………………………………………………………………………………

3. Mark True or False
1. Children wear costumes and go to peoples' homes saying "Trick or threat!" (.....)
2. "Candy" is an American word and "sweets" is a British word. (.....)
3. Halloween is never celebrated in Brazil. (.....)
4. Halloween is a special day for children. (.....)
5-
Halloween is celebrated on October 30. (….)
6- Halloween is celebrated worldwide (….)
7- Only the United States celebrate Halloween (…..)

4- Write a short paragraph about what you knew and learned about Halloween



Fonte: http://www.englishexperts.com.br. Acesso em 25/10/2011

sábado, 22 de outubro de 2011

Semana Enem: confira dicas para escrever uma boa redação


Ao abrir o caderno de questões do segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o estudante depara com o desafio de apresentar uma tese, dissecar argumentos e resolver um problema.
Semelhante aos vestibulares tradicionais, a redação do Enem pede uma dissertação argumentativa, mas com algumas exigências específicas: ter entre oito e 30 linhas e respeitar os direitos humanos. A coordenadora de redação do Unificado, Luisa Canella, afirma que as temáticas sociais costumam ter destaque na proposta, geralmente construída a partir de textos com diferentes pontos de vista sobre o assunto.
Os alunos devem ler com atenção o chamado texto motivador, responsável por introduzir o tema, lembrando que não é permitido copiar trechos dele.
– É importante ser claro, usar os elementos de coesão adequados, ter sequência lógica. Sem esquecer a língua culta formal – aponta a professora de língua portuguesa Eveli Seganfredo, da ESPM-Sul e do UniRitter.
Para Juliana Velho, professora de português do colégio Dom Bosco, de Porto Alegre, o estudante precisa ter uma visão globalizada do assunto e fugir de clichês. Expressões como “desde os primórdios”, “no mundo em que vivemos”, “enxergar uma luz no fim do túnel”, entre outras, são senso comum e revelam a falta de bons elementos de ligação entre frases e entre parágrafos.
Uma dissertação compreende introdução, desenvolvimento e conclusão. No final, é necessário oferecer uma solução para a situação-problema apresentada no tema. Ela deve ser concreta e possível, segundo Juliana.
– Chutar a bola para o governo ou para a sociedade é utópico. Preciso conseguir visualizar a solução. Se o desafio é aumentar a leitura entre os jovens, posso sugerir a criação de projetos na minha escola para desenvolver o hábito – exemplifica a docente.
O que dá nota zero na redação
- Não atender a proposta solicitada ou desenvolver outra estrutura textual que não seja a do tipo dissertativo-argumentativo, ou seja, fugir ao tema
- Escrever até sete linhas, qualquer que seja o conteúdo
- Linhas com cópia dos textos motivadores apresentados no caderno de questões são desconsideradas para efeito de correção e de contagem do número mínimo de linhas.

FONTE: http://wp.clicrbs.com.br/clicvestibular. Acessado em 22/10/2011.

A leitura e as tecnologias.

É de conhecimento geral que o acesso a educação é um direito de todos os cidadãos. Quando se fala em educação, refere-se a uma grande rede de conhecimento, que deve ir da teoria a pratica. Quando os alunos chegam à escola, desfrutam de um ambiente, muitas vezes, desconhecido. Muitas crianças, devido à situação financeira, não possuem nenhum contato com um livro, por exemplo. Nesse caso, é preciso que o educador faça esta intermediação de contato entre o aluno e o livro, muitas vezes através da contação de historias.
Depois de certo tempo os alunos crescem e, dependendo da maneira como ocorreu o contato entre o aluno e o livro, ele irá ou não tomar gosto pela leitura. Muito se trabalha a questão da leitura com prazer, mas o que se sabe é que a maioria dos educandos, muitas vezes, leem  por obrigação, o que atrapalha, e muito, o processo de desenvolvimento pelo gosto da leitura.
            A escola é esse espaço privilegiado para facilitar o acesso de livros aos alunos, e a formulação de estratégias para incentivar os alunos a tomarem o gosto pela leitura. Assim, a utilização de parceiras, como a Tecnologia Digital que hoje é mais acessível e é semelhante a um tapete mágico, leva-nos a qualquer lugar, configura-se como um recurso influenciável no ato de ler.
Indiscutivelmente a leitura é uma ferramenta muito importante para auxiliar os alunos em seu desenvolvimento escolar. Jornais, livros, revistas e gibis oferecem aos leitores uma variedade de informações, tornando-se fontes ricas de cultura e conhecimento. No entanto, com o desenvolvimento das tecnologias outros meios podem ser usados para despertar nos alunos o gosto pela leitura.
Sabe-se que o acesso a internet cresceu muito nos últimos anos e, a tendência é crescer ainda mais. A internet, o computador, o e-mail e outras ferramentas fazem parte da vida diária dos alunos, por que não utilizar esses recursos como ferramentas pedagógicas e, através delas buscar desenvolver projetos que despertem nos educandos o gosto pelo aprendizado e, sucessivamente, pela leitura.
A Internet foi o meio de comunicação que mais rapidamente se expandiu no mundo. As tecnologias de informação e comunicação na Internet disponibilizam o acervo de bibliotecas digitais e virtuais, expandindo, desta forma, os limites do ensino e da pesquisa, bem como inova as possibilidades de comunicação entre as pessoas.
A leitura deve ser prazerosa. E nada mais instigante para o leitor jovem do que a utilização das novas tecnologias. A leitura através das tecnologias  tende a ser uma leitura muito mais envolvente que qualquer outra vivida em um texto tradicionalmente publicado.